O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) vai anunciar nesta
segunda-feira (23), que abrirá mão da candidatura ao Senado na chapa do governador
Luiz Fernando Pezão (PMDB) para o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) ocupá-la, dando
caráter formal ao movimento “Aezão“.
A informação, antecipada pelo colunista do
GLOBO Merval Pereira em seu blog, repercutiu entre os políticos do estado. Em
nota oficial, o prefeito do Rio Eduardo Paes chegou a afirmar que, depois da
'suruba' eleitoral - termo utilizado pelo deputado Alfredo Sirkis para definir
as alianças no Rio na última semana -, as eleições fluminenses são um
"bacanal eleitoral".
A articulação foi selada, na manhã deste domingo, no
apartamento de Aécio Neves, em Ipanema, junto com Pezão, Cabral e Cesar Maia,
além do presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani. Assim, a tendência é que
Cabral não dispute qualquer cargo público este ano e assuma formalmente a
coordenação da campanha de Pezão.
Pelo acordo, embora Pezão mantenha a posição de pessoalmente
pedir votos para a presidente Dilma Rousseff, seu palanque ficará aberto para o
presidenciável tucano já que a ampla maioria dos candidatos a deputado estadual
e federal que integram sua base estará fazendo campanha nacional para Aécio.
Formalmente, o ex-prefeito Cesar Maia será o candidato
majoritário do tucano no estado, mas a expectativa é que a formalização da
aliança, que dará quase três minutos de TV a mais para Pezão, faça o
"Aezão" se alastrar pelos palanques de deputados no estado. Pelas
contas peemedebistas, a chapa de Pezão tem cerca de 1.400 candidatos a deputado
federal e estadual que poderiam abraçar a candidatura nacional tucana.
O movimento é uma reação formal à aliança do PT com o PSB no
Rio. Cabral e Pezão guardam mágoas do ex-governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, outro pré-candidato à Presidência, que durante anos aprovou a presença
de seu PSB no governo estadual, mas passou a atacar a dupla no ano passado.
PAES: 'O QUE SE VÊ AGORA É BACANAL ELEITORAL'
Candidato ao governo do Rio pelo PT, o senador Lindbergh
Farias, adversário de Pezão, reagiu:
- A eleição caminha para uma polarização entre dois blocos:
a chapa Lindbergh e Romário (deputado federal e candidato ao Senado pelo PSB),
que simboliza um novo rumo, de mudanças, e a chapa Pezão e Cesar Maia, que
simboliza a velha política, o continuismo e o mais do mesmo no Rio.
Romário seguiu o mesmo discurso do petista:
- A chapa Romário e Lindbergh é o novo da política. Quando a
gente fala de Cabral, Pezão e Cesar Maia trata-se da política antiga. O povo
carioca e fluminense têm a tendência de querer mudanças no estado.
O presidente regional do PPS, deputado estadual Comte
Bittencourt, afirmou que fará uma reunião ainda neste domingo com integrantes
do partido para avaliar o caso. Mas, segundo ele, a tendência é apoiar Pezão e
Cesar Maia.
- É uma informação nova. Vamos avaliar este cenário. O PPS
quer derrotar a presidente Dilma Rousseff. No Rio, o movimento do PSB (de
apoiar Lindbergh) e a desistência do deputado Miro Teixeira de concorrer ao
governo (pelo PROS) nos deixa com pouca alternativas. Eu e o deputado Luiz
Paulo Correa da Rocha (presidente regional do PSDB) sempre fomos oposição ao
Cabral na Assembleia Legislativa. Estamos numa encruzilhada. Agora, o
"Aezão" está fortalecido e abre palanque para o campo de oposição a
Dilma e ao PT. Há chances (de apoiar o PMDB). Na verdade, vamos é seguir o PSDB
- declarou Comte.
O presidente do PSDB fluminense, deputado Luiz Paulo, afirmou
que as conversas dos tucanos com Cesar Maia já aconteciam há muito tempo, e se
disse feliz com a notícia:
- A posição do PSDB do Rio sempre sólida nessa questão: aqui
faremos o que for melhor para eleger o Aécio presidente da República. Essa
conversa com o Cesar Maia já se tinha há muito tempo, fico feliz com a notícia.
No início da noite deste domingo, o prefeito Eduardo Paes
divulgou nota à imprensa comentando a nova aliança. Leia a íntegra do texto:
"Desde 2009, as brigas políticas que nada tinham a ver
com o interesse do Rio de Janeiro e dos cariocas foram substituídas por uma
aliança capaz de trazer muitas conquistas para a cidade. A parceria entre nós,
da prefeitura, o presidente Lula e o governador Cabral - e agora a presidenta
Dilma e o governador Pezão - tem permitido tirar do papel projetos há décadas
prometidos e inviabilizados justamente pelos constantes desentendimentos entre
governantes anteriores. O conjunto de avanços que o Rio e a população vêm
colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de forças políticas que têm
trabalhado de maneira coerente na busca por uma cidade melhor, mais justa e
mais integrada. Em função dessa mesma coerência, e para que o Rio de Janeiro
não corra o risco de voltar a ser um campo de batalha onde o maior prejudicado
é o cidadão, eu continuo defendendo a chapa Dilma, Pezão e Dornelles
(referindo-se a Francisco Dorneles, atual senador pelo PP). Depois da suruba, o
que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele".
Lindbergh rebateu a nota de Paes:
- A campanha nem começou. É preciso ter bons modos. Não pode
haver baixarias.
Em seu blog, o deputado federal Anthony Garotinho,
pré-candidato do PR ao governo do Rio, escreveu:
"Pezão vai ficar com um tempo enorme de televisão,
muito dinheiro, muito poder. Vai ficar faltando apenas arrumar votos. Essa
jogada de Cesar Maia se aliar a Cabral, que combatia até dias atrás, não é mais
do que uma tentativa das elites de impedir a volta de um governo popular".